Em tempo.

20:17



Te entendo.
Não é que tenha desistido, é que às vezes não se tem o que falar.
Por vezes o melhor no momento é se aquietar. E têm tempos que esse momento se estende, se repete. E a repetição causa certa familiaridade, como também certa estranheza. Se você repetir uma palavra diversas vezes, uma hora ela vai te parecer esquisita. Por que ela existe mesmo? Mas quando um momento se repete, torna-se rotina. O que era mesmo que eu costumava tomar de manhã, antes de gostar de café? A gente esquece do antes. Ocasionalmente até se pega pensando, relembrando alguns flashes. Mas como quebrar a rotina? Como parar o tempo, voltar o momento, se apegar um pouco mais à ocasião? Já passou, não?
Não há como segurar o vapor da chaleira fervendo, não há como separar o leite do café após mexido, não há como arrumar um modo de nos fazer voltar. E mesmo se houvesse, quem iria querer? Pode ser doloroso demais e o agora é seguro.
Os tempos são outros a partir do próximo segundo. É isso que separa cada momento. Os segundos são responsáveis por dizer o que faz parte do nosso agora e o que ficou no ontem. E o ontem é passado, tem que ficar pra trás. 
Pois é, a gente se entende. Sabe o que foi e o que não pode ser novamente. Até o amanhã, que é imprevisível, é mais estável que a gente.

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