Espera(nça).

13:49

Sobre a esperança interminável em poder se jogar numa relação de cabeça.


Não queria mais compromissos, se combinava com alguém de encontrar às três da tarde, avisava com antecedência que poderia ser desmarcado a qualquer momento, sem prévio aviso, sem cobranças ou reclamações. "Se não der para ir, simplesmente não deu, ok?" E assim ia levando a vida. Sempre cheia de razão. Tão sem compromissos quanto sem previsão de mudança desse estado. Dizia que já tinha ido e vindo tantas vezes que não há mais quem fizesse cair nessa de amor profundo. Credo! Trabalhar das oito da manhã às seis da tarde, faculdade até dez, qual tempo teria para se apaixonar? Love apenas como nome da playlist para escutar no carro, quando estivesse naqueles dias, e ainda assim sob muito protesto dentro de si. Não arriscava nem uma saída ao barzinho da esquina, muita gente, suscetível a encontrar alguém. Na-na-ni-na-não! E por incrível que pareça, na verdade nada incrível, apenas mais um clichê, não era fria, apenas estava cercada por uma camada de gelo, vivendo em um iglu. E por mais frio que fizesse por fora mais quente era por dentro, só não podia se deixar ferver.

It's a match! Uou, havia esquecido que ainda tinha esse aplicativo, sério que ainda tinha? 

Mesma idade, pensamentos bem parecidos, divergia em tantos outros, mas curtia série, futebol e ouvir música o dia inteiro, quase iguais. Gostava de beber um pouco mais, e de aumentar sua autoestima em aplicativos de relacionamento sempre que ficava com um pouco mais de álcool no sangue. Não costumava avançar depois que aparecia alguma combinação, reviu o perfil, interessante. Saia de um relacionamento conturbado, achava que se relacionar agora seria o que chamam de tapar buracos. Não queria isso. Queria viver. Não iria falar, decidiu. Mas o perfil estava linkado ao Instagram, não seria nada demais ver uma ou outra foto. Parecia divertir-se. Mas não mandaria oi...  Coincidentemente tinham muitos amigos em comum, como nunca se conheceram antes? É, pensou, seria ótimo sair com a galera. Não custa nada falar, né? "E aí..."

Prosseguiu, avançou, floresceu.

Saiu do iglu direto para uma piscina calorosa na cidade do sol, subiu no mais alto tobogã e prestes a mergulhar viu a água secando. Sem entender, buscou explicação e mesmo após juntar A mais B ficou sem respostas. Nem todos estão prontos para doar, percebeu, anotou isso. Uma voz dentro de si falou baixinho, eu avisei, era melhor quando a gente vivia sem compromissos, lembra? Mas não queria ter razão dessa vez, torcia para estar errada. 


Cada um de nós temos nosso próprio fuso horário, nosso próprio calendário, 
não precisamos nos apressar ou diminuir o passo para alguém ou alguma coisa, 
uma hora encontramos alguém com o tempo parecido e tudo fica bem.

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